sábado, 24 de setembro de 2011

Juventude, quem são estes desconhecidos?

    Como alguns sabem, ultimamente tenho mantido maior contato com a juventude através de diversas situações: cursos profissionalizantes de primeiro emprego, cursos de formação profissional, compartilhando a paixão pelo futebol, convivendo com a família e amigos ou simplesmente navegando por esse imenso mundo virtual.
     E nesta convivência, nem sempre pacífica, fui mudando meus conceitos, fui repensando minhas posições e acabei por descobrir um mundo inteiramente diferente do que eu havia pintado – sim, eu havia pintado, por que nós, do alto de nossas sabedorias de quem já passou a fronteira dos 30 anos costumamos ter conceitos prévios (pré-conceito) sobre a geração que está vindo ai para nos substituir.
     E pense bem se você não é dos que, como eu, achavam que a juventude não quer nada com nada, não tem compromisso, passam mais tempo fazendo bobagens na internet do que deveriam, que querem ser sustentados pelos pais por mais tempo do que deveriam, curtem “bunda music” que não lhes agrega sabedoria, são pouco intelectualizados, ...e ai vai uma imensidão de idéias mal formadas que na verdade definem o jovem que está em nossas cabeças e não os que estão ai pelo mundo (real e virtual).
     O que vou escrever é fruto da convivência e da aplicação de um questionário com 5 perguntas simples que me foram respondidas pessoalmente e virtualmente. A partir deste trabalho de pesquisa, sim convivência também é pesquisa – aliás, é um laboratório prático – consegui entender que estamos mais na defensiva do que na expectativa. Acompanhe!


     A visão do futuro de médio e longo prazo existe na cabeça da juventude! Espante-se, mas existe! Todos, invariavelmente todos, querem estar formados na graduação em 5 anos – e a grande maioria já sabe a área específica. Na verdade não sei se 100% deles conseguirão, mas lembre-se, sua avó já dizia (e a avó dela também): “Querer é poder”, então, dê um voto de confiança pois eles querem.
     Todos os jovens também se vêem inseridos no mercado de trabalho em 5 anos e pasmem, todos querem ter crescido profissionalmente. E ai é que vem parte do problema e é onde nós devemos ajudar: “o jovem é imediatista e sonhador” mas ele também é “criativo, inteligente, rápido, maleável e ABERTO A NOVIDADE”. Cada um de nós, que temos mais experiência na vida, devemos tutelar estes jovens e ajudá-los a usar seus potenciais para atingir seus objetivos, ajudá-los a montar um plano de carreira e de vida, mostrar que criar expectativas imediatistas pode ser frustrante mas que não ter expectativa é mais frustrante ainda.
     Já vi jovens que no primeiro emprego declararam que queriam ser diretores em 2 anos, alguns deles desistiram e nem sei por onde andam, mas tem outros que já estão batalhando há uns 4 ou 5 anos e já tem posições de liderança, ou seja, estes que perseveraram corrigiram suas rotas e suas expectativas. Qual a diferença entre os dois grupos de jovens? Talvez a diferença tenha sido um “quase ancião” que tenha ajudado com a bússola e a linha do tempo e um outro “quase ancião frustrado” que tenha ridicularizado o jovem sonhador.
     As vezes queremos que tudo a nossa volta ande na mesma velocidade que a nossa! Não é verdade, o jovem de hoje é mais rápido, mais conectado, mais ligado e nós, muitas vezes,  achamos que eles são simplesmente dispersos e avoados. É claro que existem tarefas que necessitam de maior concentração e outro tipo de esforço para sua realização, então, SAIA DE SEU PEDESTAL e dia isso ao jovem de uma forma sincera e clara. Você, assim como eu, se espantará com a aceitação do jovem quando falamos com educação e amor.
     Pasmem ao saber que os jovens sabem o significado da expressão “objetivos na vida” e pasmem mais ainda, o objetivo deles não é só ouvir música e “twittar”.
     Amor, felicidade, Deus, carreira, dinheiro, qualidade de vida para si e para a família, orgulho das conquistas, respeito (respeitar e ser respeitado) são objetivos citados pelos jovens. E notem que mescla sempre a parte financeira com a pessoal. Será que nós não discriminamos os jovens por que nós mesmos acabamos deixando de lado os nossos objetivos pessoais e acabamos não gostando de ver alguém que ainda tem estes sentimentos tão vivos? Era mesmo que só nas extremidades da vida (Juventude e velhice) é que conseguimos dar maior atenção aos aspectos pessoais do que os profissionais em nossas vidas? Pense nisso! Será que os jovens não tem objetivos ou os “quase anciões” é que se perderam no tempo?
     Mas ainda tem os “bastiões da intelectualidade” da moral e dos bons costumes que vai dizer: Mas olha a cultura deles (jovens), só ouvem porcaria, só ficam na internet e jamais lêem um jornal. Para espanto de muitos, saibam que jovens gostam de diversão e sabem muito bem a diferença entre ouvir uma música “vazia” e ouvir uma música que “agrega” alguma coisa – só que não estão a fim de estar o tempo todo “agregando valor” e as vezes ouvem “porcarias” por ouvir porcaria mesmo. Vai me dizer que só de Chico Buarque, Raul Seixas e U2 faziam parte de sua discoteca? Você pode não ter gostado do Menudo, mas aposto como se olhasse sua história teria muitas recriminações ao seu próprio gosto musical.
     Sobre informação nem se fala, a velocidade com que eles (jovens) conseguem se conectar ao mundo é realmente impressionante, talvez eles não queiram discutir a variação nas bolsas, ou a crise no Oriente Médio, mas certamente sabem de muito mais coisas que afetam nosso dia-a-dia do que qualquer um que assista impassivelmente ao Jornal Nacional e aceita as meias verdades impostas por eles.
     Jovens são apaixonados por Deus (ou uma força cósmica que não sabem descrever ou já reconhecem que é o amor universal), por se apaixonar, por amar, por sorrir e chorar, por se conectar à Internet encontrando amigos (novos e antigos) e descobrir o que está acontecendo no mundo. Jovens são apaixonados por suas famílias mesmo que vivam mais em seus computadores e com seus fones de ouvidos, mesmo que briguem por tudo e por nada – eles estão disputando espaços e estão se auto-conhecendo, conhecer seus adversários de espaço faz parte do crescimento. Jovens são apaixonados por leitura – você já imaginou passar horas na frente do computador sem ler? Impossível! E é isso mesmo, o computador despertou na juventude a necessidade de ler e consequentemente o gosto pela leitura. E mais ainda, como a maior parte do que o computador nos oferece não está em nossa Língua Mãe (o Português), jovens estão se apaixonando por Língua Estrangeira. Pasme, aposto que você só viu essa necessidade quando a empresa que trabalhava começou a crescer e te pressionar.
     Mas jovens confiam sendo desconfiados e isso é próprio do crescimento. Eles se entregam com facilidade e se magoam da mesma forma, afirmam que confiam nas mães e, em muitos casos, confiam em Deus (muitas vezes sem ligação com a religião específica). Mas certo também é afirmar que os jovens confiam em que lhes dá atenção, em quem aposta neles e isso não significa dar uma carta branca e liberdade incondicional. Significa apoiar, mostrar limites e não impô-los, ter reciprocidade e principalmente amor. Sim, amor! Pois não há nada que o jovem queira mais do que amar e ser amado, e isso não é de forma carnal como os “quase anciãos” podem pensar, é amor de troca, de respeito e de carinho.
     E nós aqui, só reclamando do futuro que está por vir com o mundo nas mãos desta juventude, mas em nenhum momento refletimos e admitimos a “culpa” de que eles (jovens) são o reflexo do que nós criamos. Fomos nós que os colocamos em frente a TV e apresentamos: “O Laboratório do Dexter” e incentivamos a criatividade e a desobediência civil/familiar e conflitos de personalidade; “South Park” em que quatro garotos falavam palavrões e incentivaram a falar o que pensam; “Coragem, o Cão Covarde” incentivando a utilizar a chantagem emocional do cãozinho e mostrando como se consegue seus objetivos sendo rabugento como o Eustácio; “Pokemon” com um Pikachu que odeia ficar dentro de Pokébolas e por isso segue viagem no ombro de seu treinador incentivando a liberdade de expressão e acentuando o sentimento de liberdade e o direito de ir e vir; “Timão e Pumba” incentivando a ser egoísta e irresponsáveis quando falavam a frase “Hakuna Matata” e imediatamente esqueciam o passado e viviam sem conseqüências; “Pinky e Cérebro” incentivando a noção de que conquistar o mundo é fácil e que podem ser imediatistas; “O Fantástico Mundo de Bobby” incentivando a desvendar o mundo do alto de seu triciclo com sua extraordinária imaginação; “Doug” incentivando a pensar que o centro do Universo é um adolescente; e por fim: “Os Simpsons” incentivando as insolências que no desenho animado parecem tão divertidas mas na convivência do dia-a-dia em que suas atitudes podem ser o foco das reprovações.
     Enfim, é fácil concluir que os jovens de hoje vivem no mundo que nós criamos e são eles, sem sombra de dúvida, que irão dar sequencia à nossa criação. Se você não desenvolveu a internet, saiba que um contemporâneo seu o fez, se você não criou os bailes funks, saiba que um dos seus contemporâneos começou com as festas de garagem. O importante é saber que os jovens tem uma força muito maior do que nós temos hoje e que é parte de nossa responsabilidade apoiá-los e ensiná-los a direcionar corretamente esta força, mas lembre-se, ouça mais do que fale e acima de tudo: largue o seu pré-conceito de mão, esteja aberto para aprender com os jovens como eles estão abertos para aprender com a “velha guarda”.

@Deia_Sts







segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Será mesmo que “ninguém é uma ilha”?


     Mais reflexões.... As vezes me pego pensando sobre a expressão “ninguém é uma ilha”, e fico imaginando se as pessoas também pensam sobre isso ou se apenas vão arrastando seus dias sem se preocupar com suas relações.
     Conheço pessoas que tem certeza absoluta de que não são uma ilha, pessoas que tem a noção de que a cada ação que tomam vão gerar reações – e das mais diversas possíveis. Então, estas pessoas, sempre pensam antes de agir e principalmente, agradecem o tempo todo por não serem ilhas isoladas perdidas num mar de isolamento.

     Mas conheço outras pessoas que não apenas acham que são uma ilha, mas fazem um esforço imenso para não construir nenhuma ponte que possa ligá-las a outras ilhas ou, pior ainda, a um continente.
     As pessoas do 2º grupo não tem consciência de que não fazem nada sozinha. Conseguiriam elas trafegar pelas ruas de Porto Alegre se alguém não cuidasse do trânsito? Comprariam seus alimentos se não houvesse um enorme grupo fazendo um enorme esforço para oferecer-lhe o alimento? Iriam ler um bom livro na solidão e segurança de seu lar se ninguém tivesse arrastado fios e mais fios para levar energia elétrica? Saberiam que remédio tomar se não consultassem um médico, um farmacêutico, um amigo ou até mesmo as páginas da internet (que foram escritas por alguém)? Em fim, fariam qualquer coisa em suas vidas sem ninguém?
     Sim, é verdade, NINGUÉM É UMA ILHA! E se não somos uma ilha, então porque não começamos a valorizar mais as pessoas que estão a nossa volta? Não só as que mantêm contato direto conosco, mas todas as pessoas que cruzam nosso caminho. Invariavelmente colhemos o que plantamos, mas muitas vezes colhemos o que não plantamos e consequentemente, muita gente colhe o que cada um de nós planta.
     Pense nisso, ou REpense isso, e veja se você se acha uma ilha ou se a cada dia constrói, e REconstrói, pontes que afetam todos ao seu redor.
     Um pouco de solidão faz bem à alma, mas muita solidão só alimenta o ego e destrói almas!
@Deia_Sts