Reflexão a partir da postagem no Fórum da Disciplina de Desenvolvimento Humano e Social (FADERGS - semana de de 05 a 11/Abril)
Questionava-se a vivência escolar dos estudantes sobre Responsabilidade Social e sua visão sobre este tema em relação à mídia, empresas, entidades religiosas e os 3 poderes.
Numa
época em que gerar valor é muito importante, e este gerar valor está ligado
muito além da rentabilidade imediata, preocupando-se em reter clientes para
atividades futuras, as empresas passam a se preocupar com o que o cliente
espera delas.
Muitas
vezes tornam-se ambientalmente e socialmente responsáveis por 2 grandes
motivos: a) redução de custos; b) rentabilidade no longo prazo – através da
manutenção dos clientes. Por si só já é
um bom motivo para avaliarmos de forma mais detalhada os produtos que compramos
e as empresas que os fabricam. Nem todas são apenas “caça níqueis”, mas temos
algumas que infelizmente não estão alinhadas com responsabilidade social de
forma cidadã.
As
escolas, ao longo das décadas, sofreram modificações, antes do regime militar
havia uma matriz curricular que preocupava-se em inserir disciplinas como línguas
estrangeiras, incluindo o latim, filosofia, ética, análise contemporânea, entre
outras, que desenvolviam o “pensar” desde sempre dentro das escolas. O regime
militar, com novas crenças e valores, retirou tais disciplinas para trocar, por
exemplo, por moral e cívica e religião, trazendo então para o educador a
responsabilidade de formar “obediência”. Após o final deste regime, seguimos
reestruturando a educação, passando por um período longo sem identidade e sem
alterações profundas, focando mais no “fazer do que no pensar e entender”, sendo
quase impossível a discussão de qualquer ponto relativo à cidadania –
principalmente em escolas públicas que perderam a identidade.
Mais
recentemente as escolas conseguiram alguns avanços, principalmente visando que
seus estudantes se saíssem bem no ENEM, que tem por filosofia a
responsabilidade social e o conceito de cidadão que pensa e interage com a
sociedade. Infelizmente avançamos em alguns pontos e retrocedemos em outros,
como a proibição da discussão do “gênero”, votada recentemente por nossos
parlamentares, em que deixamos uma parcela de cidadãos e cidadãs escondidas,
como se não existissem, para que não fira os “preceitos morais” de alguns na sociedade.
Estamos
em uma época em que se busca novamente a ressocialização nas escolas, trazendo
debates que condizem com a realidade brasileira, porém, a época de ditadura e
pós ditadura inerte gerou uma sociedade, cuja parcela significativa, não
consegue se ver como cidadão / cidadã, não repassando este conceito para a
família, deixando as escolas sobrecarregadas com esta atividade, que nem sempre
é cumprida.
Feliz
daquele que conseguiu ter sociologia e disciplinas similares durante sua
formação na escola primária e secundária, pois estes, tem um diferenciado olhar
sobre a sociedade.
A
lacuna do “pensar” nos bancos escolares foi suprida pela mídia, que levou
grande parcela a ser criado por essa babá eletrônica, e mesmo após a infância,
seguiu com seu cordão umbilical muito ligado à ela, esperando que os fatos
venham analisados e prontos, já que o pensamento crítico não foi estimulado.
Muitos
estudantes pontuaram a crise midiática vivida no País, e quero aqui chama-los à
reflexão de o País é feito da União, Estados e Municípios – e em todas as
esferas existe a mesma crise moral e ética. Se a mídia conseguiu conduzir uma
grande parcela de pessoas por muitos anos – desde 1964 até agora – é por que
enxergou a lacuna deixada pelo poder público no que refere-se à educação.
Nenhum
País em que a educação é forte a mídia dita as regras sociais, morais,
políticas e econômicas. Hoje consumimos o que a TV, jornal, rádio, internet nos
indica, tanto em termos de produtos como ideias, pois a muito de nós faltou a
educação do pensamento crítico.
Como ponto positivo da mídia, Luiz Ben – nosso colega
indica em nosso fórum: “Com relação ao papel
da mídia, acredito que isso facilitou o
poder das pessoas se expressarem, abrindo
seus pontos de vista para o público ...” mas em contraponto Luiz
Ben acrescenta: “porém vejo que isso acaba se
tornando um grande problema, onde não conseguimos viver com opiniões
contrárias às nossas. As pessoas de uma maneira geral, estão muito
radicais àquelas pessoas que pensam de maneira diferente. O que era para
ser um meio de conversas e discussões sobre qualquer assunto, acaba virando
guerra.”
Evelise Coelho expõe no
blog: “O papel da mídia, em minha opinião é
informar, expor e muitas vezes até induzir a população dando ênfase nos
assuntos que surgem ao decorrer do nosso dia a dia”. E
aqui questiono a todos nós, a mídia deve INDUZIR? Ou a mídia deveria ser
IMPARCIAL, trazendo fatos e deixando que os cidadãos e cidadãs reflitam e
pensem criticamente?
Marcele Veloso, assim como
ouros tantos, ainda contribui no fórum dizendo que: “A mídia exerce um papel
importantíssimo no que diz respeito ao momento político no qual o país vive.
É através da mídia que ficamos sabendo das informações do país. Ocorre
que a mídia nem sempre tem um papel
positivo, pois ela acaba se
posicionando para um lado e omitindo muitas informações, cabendo à
população buscar por mais informações, o que na prática não acontece.“ E
cabe a mim, mais uma vez, o papel de advogada do “diabo”, questionando se
realmente buscamos informações complementares, se assistimos canais que não são
promovidos ou sustentados por empresários como a NBR e TV Brasil. Dirão-me
vocês, mas estes são promovidos pelo governo. OK: mas pelo menos é um contraponto,
uma segunda opinião, e com o peso de
duas ou mais, poderemos formar uma opinião com maior qualidade.
Realmente a mídia, não só hoje,
como sempre, tem seus próprios interesses e de seus anunciantes – que são
agentes corruptores de uma classe política que se deixa corromper. Logo, a
mídia, utilizando a lacuna que o poder público deixou na educação, nos põe a
cada dia a visão que melhor lhe convém. Cabe a nós, cidadãos e cidadãs,
filtrarmos, e desenvolvermos o pensamento
crítico que talvez tenha nos faltado nos bancos escolares.
Se vivemos uma crise moral,
certamente a imoralidade da mídia,
ao conduzir as informações que recebemos, tem um papel fundamental na
construção deste momento. Desde a veiculação de propagandas com “A Lei de levar
vantagem”, até os mais diversos programas que sempre mostram que tirar proveito
de outrem é sinal de inteligência e superioridade.
Quanto a presença da
responsabilidade social nas Empresariais, Mídias, Entidades Religiosas, Poder
Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, depreende-se das ideias
postadas em nosso fórum que:
a) as
empresas buscam benefícios próprios, inclusive quando atuam aparentemente de
forma responsável sócio e ambientalmente, visando seus lucros futuros;
b) a
mídia tradicional desinforma como forma de manipular com maior facilidade,
utilizando o vácuo deixado pelo poder público na formação educacional da
sociedade; não veicula programas educativos e sim lucrativos, demonstrando que
os interesses sociais não são considerados;
c) as
entidades religiosas estão preocupadas com seus rebanhos, na intenção de salvar
suas almas, mas também de arrecadar-lhe contribuições financeiras e subjugar
seus votos para que possam participar da esfera política.
Aqui quero fazer um comentário: não é de hoje
e não é apenas uma religião que tem poder sobre a política e a justiça, basta
ver a história mundial e a brasileira.
d) os 3
poderes: executivo, legislativo e judiciário, que deveriam ser independentes e harmônicos
entre si e trabalhar na busca do bem estar da Nação têm feito o caminho
inverso; em nosso fórum citam diversas vezes que esta relação está deteriorada
e a independência entre eles há muito que ficou no esquecimento, e que a
harmonia não existe mais; vocês citam ainda que, independente dos poderes, há
uma intenção de promoção pessoal e perpetuação de poder que supera em muito as
atividades de responsabilidade social;
Aqui abro novamente um momento para
refletirmos: notei que nem todos conseguem distinguir entre Executivo (presidente,
Governador e Prefeito), Legislativo (Senadores, Deputados Federais, Deputados
Estaduais e Vereadores) e Judiciário (sendo os juízes e seus segmentos e
hierarquia até o STF, STJ, ...).
Diante de tal desconhecimento de esferas,
verifiquei alguns pontos em que não ficam claras as responsabilidades que de
forma simplória podemos dizer que é: Legislativo: faz as Leis; Executivo:
executa as Leis (assim como todos as pessoas do País); e Judiciário: julga se
os atos estão de acordo com a Lei ou não.
O ponto de corrupção surgiu diversas vezes
como sendo problema federal e do executivo, mas chamo vocês a pensarem nas
cidades e na quantidade de propina que sabemos que são pagas a diversos órgãos.
Lembrando que de o País se faz a partir das cidades, que somadas formam os
Estados e juntos a União, e que o problema do “jeitinho brasileiro” não está só
“La em cima”, está sim ao nosso lado também.
Outro ponto interessante que
podemos ter leitura sobre este debate no fórum é que nos parece ser a corrupção
um mal do poder público e suas estatais, porém, esquecemos de “costurar” nosso
próprio discurso, pois lá no fórum falamos sobre empresas que não cumprem sua
função social e apenas pensam em lucro e na mídia que veicula o que lhe
interessa.
Não esquecendo da religião, que tem entrado nesta seara sem
mostrar-se muito diferente de quem já lá está. Logo, estamos falando dos 6 poderes
que regem a nação:
1) Empresas; 2) Mídia; 3)
Entidades Religiosas; 4) Poder Executivo; 5) Poder Legislativo; e 6) Poder
Judiciário.
Agora pergunto a vocês: NÃO
EXISTE UM PODER DO CIDADÃO? Não temos a obrigação de procurar uma forma de nos
expressarmos e ajustar a independência, imparcialidade, harmonia e visão de
responsabilidade destes 6? Será que eles não chegaram ao ponto que estão por
que cada um de nós foi omisso?
Não sei responder o que
fazer, até por que uma andorinha só não faz verão, mas cada vez que vejo
a situação de nosso País, me envergonho profundamente, sentindo que não fiz
minha parte para que ele estivesse melhor.
#ProfDrasta
Muito bom!Com certeza a união faz a força...falta consciência, seria preciso uma conscientização em massa do quão omisso o ser humano é enquanto cidadão de direitos e deveres.Tal omissão é consequência da falta de orientação, da educação precária, da desestrutura familiar e social e principalmente do descaso dos governantes hipócritas "com raras exceções", se aproveitam da ignorância política do povo humilde, da boa fé dos esperançosos e fazem da desigualdade econômica, politica e social um instrumento de poder.
ResponderExcluiroiiii
ExcluirObrigada por registrar sua opinião.